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Meu primeiro contato com este texto
ocorreu em 16/12/2009, às 11.19 hs!
Após o devido tempo [de instrução da obra],
e o publiquei por link a 18/04/2014, em En 99.8!
A Natividade e Infância estão presentes num só lugar,
É o 8º de uma sequência de 18, dirigidos pelo Espírito Santo na Páscoa de 2014 ,
a partir da descrição dos 18 da Torre [ressurretos pela Graça - Lc 13 é parábola ;
ide e lede : por 3 vezes é citado 'dezoito', e refere-se à forma com que os justos
- digo : os que mantêm o testemunho de Cristo [Hb 11.37-40] -
são julgados e execrados pelo mundo, tido por 'enfermos / loucos'].
A Natividade e Infância estão presentes num só lugar,
descrita pelas minha mãos frente às lembranças
que se sustentaram no Tempo!
***
O PROTO-EVANGELHO DE TIAGO
Este livro, apesar de
conhecido como o Evangelho de Tiago ou Proto-Evangelho de Tiago, tem sua
autoria desconhecida. Publicado em fins do século XVI com esse título, até então era chamado apenas de Livro de Tiago, e ainda não se sabe exatamente qual época em que foi escrito, provavelmente antes de 150; muitos estudiosos dos Livros
Apócrifos afirmam que é anterior aos 4 Evangelhos Canônicos, servindo, em
muitos aspectos, como base para estes.
O Proto-Evangelho de Tiago
conta a vida de Maria, seu nascimento de Ana e Joaquim, considerados estéreis,
de como foi sua educação no Templo até a sua puberdade, como se deu a escolha
de seu futuro esposo, José, velho, viúvo e pai de seis filhos: Judas, Josetos,
Tiago, Simão, Lígia e Lídia. Continua, narrando a concepção e a virgindade, que
se manteve após dar à luz o Salvador, numa caverna. Fala da estrela misteriosa
e radiante, que guiou os magos até a caverna e da nuvem de luz que pairou sobre
o local, na hora em que o Senhor Jesus nascia.
Narra, também, a participação
da parteira que testemunhou a virgindade de Maria, após o nascimento do Senhor
E cita o testemunho de uma parteira que constatou a virgindade de Maria após
dar à luz.
A INFÂNCIA DE CRISTO SEGUNDO TIAGO
I
Segundo narram as memórias
das doze tribos de Israel, havia um homem muito rico, de nome Joaquim, que
fazia suas oferendas em quantidade dobrada, dizendo:
-
O que sobra,
ofereça-o para todo o povoado e o devido na expiação de meus pecados será para
o Senhor, a fim de ganhar-lhe as boas graças.
Chegou a grande festa do
Senhor, na qual os filhos de Israel devem oferecer seus donativos. Rubem [Cp.6] se pôs
à frente de Joaquim, dizendo-lhe:
-
Não te é lícito
oferecer tuas dádivas, enquanto não tiveres gerado um rebento em Israel [*].
Joaquim mortificou-se tanto
que se dirigiu aos arquivos de Israel, com intenção de consultar o censo
genealógico e verificar se, porventura, teria sido ele o único que não havia
tido prosperidade em seu povoado.
Examinando os pergaminhos,
constatou que todos os justos haviam gerado descendentes. Lembrou-se, por
exemplo, de como o Senhor deu Isaac ao patriarca Abraão, em seus derradeiros
anos de vida.
Joaquim ficou muito
atormentado, não procurou sua mulher e se retirou para o deserto. Ali armou sua
tenda e jejuou por quarenta dias e quarenta noites, dizendo:
-
Não sairei daqui
nem sequer para comer ou beber, até que não me visite o Senhor meu Deus. Que
minhas preces me sirvam de comida e de bebida.
*
Nt.: Comentário no Índice, Capítulo 1
Nt * : as primeiras palavras de oposição e desdém ao fruto sagrado [nascimento da Virgem Maria à geração de Jesus Cristo - As Formas da Preparação de Javé].
II
Ana lamentava-se e gemia
dolorosamente, dizendo:
-
Chorarei minha
viuvez e minha esterilidade.
Chegou, porém, a grande festa
do Senhor e disse-lhe Judite, sua criada:
-
Até quando vais
humilhar tua alma? Já é chegada a festa maior e não te é lícito entristecer-te.
Toma este lenço de cabeça, que me foi dado pela dona da tecelagem, já que não
posso cingir-me com ele por ser eu de condição servil e levar ele ao selo real.
Disse Ana:
-
Afasta-te de mim,
pois que não fiz tal coisa e, além do mais, o Senhor já me humilhou em demasia
para que eu o use. A não ser que algum malfeitor o haja dado e tenhas vindo
para fazer-me também cúmplice do pecado.
Replicou Judite:
- Que motivo tenho eu para
maldizer-te, se o Senhor já te amaldiçoou não te dando fruto de Israel? [*]
Ana, ainda que profundamente
triste, despiu suas vestes de luto, cingiu-se com um toucado, vestiu suas
roupas de bodas e desceu, na hora nona, ao jardim para passear. Ali viu um
loureiro, assentou-se à sua sombra e orou ao Senhor, dizendo:
-
Ó Deus de nossos
pais! Ouve-me e bendiz-me da maneira que bendisseste o ventre de Sara,
dando-lhe como filho Isaac!
*
Nt.: Comentário no Índice, Capítulo 2
Nt * : as primeiras palavras de oposição e desdém ao fruto sagrado [nascimento da Virgem Maria à geração de Jesus Cristo - As Formas da Preparação de Javé].
III
Tendo elevado seus olhos aos
céus, viu um ninho de passarinhos no loureiro e novamente lamentou-se dizendo:
-
Ai de mim! Por
que nasci e em que hora fui concebida? Vim ao mundo para ser como terra maldita
entre os filhos de Israel. Estes me cumularam de injúrias e me escorraçaram do
templo de Deus. Ai de mim! A quem me assemelho eu? Não às aves do céu, pois
elas são fecundas em tua presença, Senhor. Ai de mim! A quem me pareço eu? Não
às bestas da terra, pois que até esses animais irracionais são prolíficos ante
teus olhos, Senhor. Ai de mim! A quem me posso comparar? Nem sequer a estas
águas, porque até elas são férteis diante de ti, Senhor. Ai de mim! A quem me igualo
eu? Nem sequer a esta terra, porque ela também é fecundada, dando seus frutos
na ocasião própria e te bendiz, Senhor.
*
Nt.: Comentário no Índice, Capítulo 3
IV
Eis que se lhe apresentou o
anjo de Deus, dizendo-lhe:
-
Ana, Ana, o
Senhor escutou teus rogos! Conceberás e darás à luz e de tua prole se falará em
todo o mundo. [2]
Ana respondeu:
-
Viva o Senhor meu
Deus, que, se chegar a ter algum fruto de bênção, seja menino ou menina,
levá-lo-ei como oferenda ao Senhor e estará a seu serviço todos os dias de sua
vida.
Então vieram a ela dois mensageiros
com este recado:
-
Joaquim, teu
marido, está de volta com seus rebanhos, pois que um anjo de Deus desceu até
ele e lhe disse que o Senhor escutou seus rogos e que Ana, sua mulher, vai
conceber em seu ventre. [2]
Tendo saído Joaquim, mandou
que seus pastores lhe trouxessem dez ovelhas sem mancha.
Disse ele:
-
Estas serão para
o Senhor.
Mandou, então separar doze
novilhas de leite, dizendo:
-
Estas serão para
os sacerdotes e para o sinédrio.
Finalmente, mandou apartar
cem cabritos para todo o povoado.
Ao chegar Joaquim com seus
rebanhos, estava Ana à porta e, ao vê-lo chegar, pôs-se a correr e atirou-se ao
seu pescoço dizendo:
-
Agora vejo que
Deus me bendisse copiosamente, pois, sendo viúva, deixo de sê-lo e, sendo
estéril, vou conceber em meu ventre.
Então Joaquim repousou
naquele dia em sua casa.
*
Nt.: Comentário no Índice, Capítulo 4
V
No dia seguinte, ao ir
oferecer sua dádivas ao Senhor, dizia para consigo mesmo:
-
Saberei se Deus
me vai ser favorável se eu chegar a ver o éfode do sacerdote.
Ao oferecer o sacrifício,
observou o éfode do sacerdote, quando este se acercava do altar de Deus, e, não
encontrando pecado algum em sua consciência, disse:
-
Agora vejo que o
Senhor houve por bem perdoar todos os meus pecados.
Desceu Joaquim justificado do
templo e foi para casa. O tempo de Ana cumpriu-se e no nono mês deu à luz.
Perguntou à parteira:
-
A quem dei à luz?
A parteira respondeu:
-
Uma menina.
Então Ana exclamou:
-
Minha alma foi
enaltecida - e reclinou a menina no berço.
Ao fim do tempo marcado pela
lei, Ana purificou-se, deu o peito à menina e pôs-lhe o nome de Maria.
*
Nt.: Comentário no Índice, Capítulo 5
VI
Dia a dia a menina ia
robustecendo-se. Ao chegar aos seis meses, sua mãe deixou-a só no chão, para
ver se sustentava-se de pé. Ela, depois de andar sete passos, voltou ao regaço
de sua mãe. Esta levantou-se, dizendo:
-
Salve o Senhor!
Não andarás mais por este solo, até que te leve ao templo do Senhor.
Fez-lhe um oratório em sua
casa e não consentiu que nenhuma coisa vulgar ou impura passasse por suas mãos.
Chamou, além disso, umas donzelas hebréias, todas virgens [1], para que a
entretivessem.
Quando a menina completou um
ano, Joaquim deu um grande banquete, para o qual convidou os sacerdotes, os
escribas, o sinédrio e todo o povo de Israel. Apresentou a menina aos
sacerdotes, que a abençoaram assim:
-
Ó Deus de nossos
pais, bendiz esta menina e dá-lhe um nome glorioso e eterno por todas as
gerações.
Ao que todo o povo respondeu:
-
Assim seja, assim
seja! Amém!
Apresentou-a também Joaquim
aos príncipes e aos sacerdotes e estes a abençoaram assim:
-
Ó Deus Altíssimo,
põe teus olhos nesta menina e outorga-lhe uma bênção perfeita, dessas que
excluem as ulteriores.
Sua mãe levou-a ao oratório
de sua casa e deu-lhe o peito. Compôs, então, um hino ao Senhor Deus, dizendo:
-
Entoarei um
cântico ao Senhor meu Deus, porque me visitaste, afastaste de mim o opróbrio de
meus inimigos e me deste um fruto santo, que é único e múltiplo a seus olhos.
Quem dará aos filhos de Rubem [Cp.1] a notícia de que Ana está amamentando? Ouvi,
ouvi, ó Doze Tribos de Israel: Ana está amamentando! [2]
Tendo deixado a menina para
que repousasse na câmara onde havia o oratório, saiu e pôs-se a servir os
comensais. Estes, uma vez terminada a ceia, saíram regozijando-se e louvando ao
Deus de Israel.
*
Nt.: Comentário no Índice, Capítulo 6
[1] : será aqui o âmago da Parábola das Virgens [Mt 25.1-13 : nestes 13 versos, o âmago da Data da Virgem Maria, tanta na Sua Aparição em Fátima, Portugal, quanto na Sua Encarnação, no mesmo lugar].
[2] : é aqui a primeira citação aos filhos de Israel do nascimento da Virgem Maria .. [já sob a oposição e desdém das palavras de Rubem e Judite]
VII
Entretanto, os meses iam-se
passando para a menina. Ao fazer dois anos, disse Joaquim a Ana:
-
Levemo-la ao
templo do Senhor para cumprir a promessa que fizemos, para que Senhor não a
reclame e nossa oferenda se torne inaceitável a seus olhos.
Ana respondeu:
-
Esperamos,
todavia, até que complete três anos, para que a menina não tenha saudades de
nós.
Joaquim respondeu:
-
Esperaremos.
Ao chegar aos três anos,
disse Joaquim:
-
Chama as donzelas
hebréias que não têm mancha e que tomem, duas a duas, uma candeia acesa [1] e a
acompanhem, para que a menina não olhe para trás e seu coração seja cativado
por alguma coisa fora do templo de Deus.
Assim fizeram enquanto iam
subindo ao templo de Deus. Lá recebeu-a o sacerdote, o qual, depois de tê-la
beijado, abençoou-a e exclamou:
-
O Senhor
engrandeceu teu nome diante de todas as gerações, pois que, no final dos
tempos, manifestará em ti sua redenção aos filhos de Israel.
Fê-la sentar-se no terceiro
degrau do altar. O Senhor derramou graças sobre a menina, que dançou cativando
toda a casa de Israel.
*
VIII
Saíram, então, seus pais,
cheios de admiração, louvando ao Senhor Deus porque a menina não havia olhado
para trás. Maria permaneceu no templo como uma pombinha, recebendo alimento
pelas mãos de um anjo.
Ao completar doze anos, [2] os
sacerdotes reuniram-se para deliberar, dizendo:
-
Eis que Maria
cumpriu doze anos no templo do Senhor. Que faremos para que ela não chegue a
manchar o santuário?
Disseram ao sumo sacerdote:
-
Tu que tens o
altar ao teu cargo, entra e ora por ela. O que o Senhor te disser, isso será o
que haveremos de fazer.
O sumo sacerdote, cingindo-se
com o manto das doze sinetas, entrou no Santo dos Santos e orou por ela. Eis
que um anjo do Senhor apareceu, dizendo-lhe:
-
Zacarias,
Zacarias, sai e reúne a todos os viúvos do povoado. Que cada um venha com um
bastão e o daquele em que o Senhor fizer um sinal singular, deste será ela a
esposa.
Saíram os arautos por toda a
região da Judéia e, ao soar a trombeta do Senhor, todos acudiram [2].
*
[2] : este fato ocorreu [reuniram-se para deliberar] devido a morte de Joaquim [cf. comentário aqui]. Reunida também neste item 2, a consciência de todos aos fatos da Virgem.
IX
José, deixando de lado sua
acha, uniu-se a eles. Uma vez que se juntaram todos, tomaram cada qual seu
bastão e puseram-se a caminho, à procura do sumo sacerdote. Este tomou todos os
bastões, entrou no templo e pôs-se a orar. Terminadas as suas preces, tomou de
novo os bastões e os entregou, mas em nenhum deles apareceu sinal algum. Porém,
ao pegar José o último, eis que uma pomba saiu dele e se pôs a voar sobre sua
cabeça. Então o sacerdote disse:
-
A ti coube a
sorte de receber sob tua custódia a Virgem do Senhor.
José replicou:
-
Tenho filhos e
sou velho [*], enquanto que ela é uma menina. Não gostaria de ser objeto de
zombaria por parte dos filhos de Israel.
Então tornou o sacerdote:
-
Teme ao Senhor
teu Deus e tem presente o que fez Ele com Datan, Abiron e Corê, de como
abriu-se a terra e foram sepultados por sua rebelião. Teme agora tu também,
José, para que não aconteça o mesmo à tua casa.
Ele, cheio de temor,
recebeu-a sob proteção. Depois, disse-lhe:
-
Tomei-te do
templo. Deixo-te agora em minha casa e vou continuar minhas construções. [*] Logo
voltarei. O Senhor te guardará. [Mt. 1.18-21]
*
Nt: 'tenho filhos e sou velho' , fato que confirma sua vida anterior [em Belém], com sua primeira esposa [provável que da tribo de Davi] até ficar viúvo com 6 filhos [provavelmente nascidos em Belém], conf. descrevem os Apócrifos 'José, idoso, viúvo, com 90 anos, é incumbido de cuidar de uma Virgem'. .. [vide : Da Viuvez]
Nt: 'minhas construções' .. indica que poderia ser construtor / empreiteiro : Mt 13.55 diz que Jesus era filho de um tektōn (τέκτων): termo grego que recebe várias interpretações. Ainda que a tradição lhe atribua estritamente a profissão de carpinteiro [Mc 6.3], o fato é que o título grego é genérico, sendo usado para designar os trabalhadores envolvidos em atividades ligadas à construção civil. Outras vertentes costumam considerar José como sendo um canteiro, ou seja, um operário que talhava artisticamente blocos de rocha bruta. .. [termo provável, basta ver a Parábola da construção : Mt 7.24-27 'Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha;']
*
Nt.: Comentário no Índice, Capítulo 9
X
Os sacerdotes, então,
reuniram-se e concordaram em fazer um véu para o templo do Senhor [Nt].
O sumo sacerdote disse:
-
Chama algumas
donzelas sem mancha, da tribo de Davi. [*]
Os ministros se foram e,
depois de terem procurado, encontraram sete virgens. Então o sacerdote lembrou-se
de Maria, a jovenzinha que, sendo de estirpe davídica, se conservava imaculada
aos olhos de Deus. Os emissários foram buscá-la.
Depois de as terem
introduzido no templo, disse o sacerdote:
-
Vejamos qual há
de bordar o ouro, o amianto, o linho, a seda, o zircão, o escarlate e a
verdadeira púrpura.
O escarlate e a verdadeira
púrpura couberam à Maria que, tomando-as, foi para casa.
Naquela época, Zacarias ficou
mudo, sendo substituído por Samuel, até quando pôde falar novamente. [Lc 1.22]
Maria
tomou em suas mãos o escarlate e pôs-se a tecê-lo.
*
Nt.: Comentário no Índice, Capítulo 10
Nt: 'donzelas sem mancha' , vide a Parábola das Virgens [Mt 25.1-13].
Nt: da tribo de David, conf. Lc 1.3-5 'José subiu da Galiléia, da cidade de Nazaré, para a Judéia, à cidade de Davi, chamada Belém, 'por ser ele da casa e família de Davi' , fato que confirma que sua vida anterior [era em Belém], com sua primeira esposa [provável que da tribo de Davi] até ficar viúvo com 6 filhos [provavelmente nascidos em Belém]. .. [vide : Da Viuvez]
Nt: fazer um véu para o templo do Senhor. .. refere-se ao Véu do Templo, rasgado [Mt. 27.51-28.20].
XI
Certo dia, pegou Maria um
cântaro e foi enchê-lo de água. Eis que ouviu uma voz que lhe dizia:
-
Deus te salve,
cheia de graça! O Senhor está contigo, bendita és entre as mulheres!
Ela olhou a sua volta, à direita,
à esquerda, para ver de onde vinha aquela voz. Tremendo, voltou para casa,
deixou a ânfora, pegou a púrpura, sentou-se no divã e pôs-se a tecê-la. Logo um
anjo do Senhor apresentou-se diante dela, dizendo: [dizLc 1.28: E, entrando o anjo aonde ela estava, disse: Alegra-te, muito favorecida! O Senhor é contigo.]
-
Não temas, Maria,
pois alcançaste graça ante o Senhor onipotente e vais conceber por Sua palavra! [Lc 1.30]
Ela, ao ouví-lo, ficou
perplexa e disse consigo mesma:
-
Deverei eu
conceber por virtude de Deus vivo e haverei de dar à luz como as demais
mulheres? [Lc 1.34]
Ao que lhe respondeu o anjo:
-
Não será assim, Maria,
pois que a virtude do Senhor te cobrirá com sua sombra. Depois, o fruto santo
que deverá nascer de ti será chamado de Filho do Altíssimo. Chamar-lhe-ás
Jesus, pois Ele salvará seu povo de suas iniqüidades. [Lc 1.35 ; vs. 36,37 anunciam a gravidez de Isabel ; da mesma forma, palavras quais, posteriormente, Caifás promulga : 'haveria de morrer um por todo povo' - Jo 11.49-53]
Então, disse Maria:
-
Eis aqui a
escrava do Senhor em Sua presença. Que isto aconteça a mim conforme Sua
palavra. [Lc 1.38]
*
XII
Concluído seu trabalho com a
púrpura e o escarlate, levou-o ao sacerdote. Este a abençoou dizendo:
-
Maria, o Senhor
enaltecer seu nome e serás bendita entre todas as gerações da terra.
Cheia de alegria, Maria foi à
casa de sua parente Isabel. [Lc 1.39-45 ; vs. 39 fala: 'apressadamente']. Chamou-a da porta e, ao ouví-la, Isabel largou o
escarlate, correu para a porta, abriu-a e, vendo Maria, louvou-a dizendo:
-
Que fiz eu para
que a mãe do meu Senhor venha a minha casa? Pois saiba que o fruto que carrego
em meu ventre se pôs a pular dentro de mim, como que para bendizer-se.
Maria havia se esquecido dos
mistérios que o anjo Gabriel lhe comunicara, elevou os olhos aos céus e disse:
-
Quem sou eu,
Senhor, para que todas as gerações me bendigam?
Passou três meses em casa de
Isabel. Dia a dia seu ventre aumentava e, cheia de temor, pôs-se a caminho de
casa e escondia-se dos filhos de Israel. Quando sucederam essas coisas, ela
contava dezesseis anos. .. [* Nt]
Nt. dezesseis anos : No Apócrifo José, O Carpinteiro, Cap. V, diz : 'No décimo quarto ano de idade, Eu, Jesus, vossa vida, vim habitar nela por meu próprio desejo.' .. e, Cap. XIV, diz : 'Depois que sua mulher morreu, passou somente um ano. Minha mãe logo passou dois anos em sua casa, depois que os sacerdotes confiaram-na com estas palavras: Guarda-a até o tempo em que se celebre vosso matrimônio. .. Ao começar o terceiro ano de sua permanência ali - tinha nessa época quinze anos de idade - trouxe-me ao mundo de um modo misterioso ..'
Nt. 'No décimo quarto ano de idade', alusão aos 14 : 1] de Enoque 4 ; 2] as 14 Estações do Calvário , conf. coment. em Mt 1 : Nt. 1 : Estas 3 divisões [são espelhos dos 3 andares do Templo, Ez 40.3] de 14 Gerações [En 4] de Jesus, o Cristo, estão/são as bases de sua futura Bios [as 3 divisões são : 1 - Bios ; 2 - Revisão Bios ; 3 - 14 estações da Via Crucis - espelhos dos 14 anos/pg. Início, imagem item 3, pg. 84, En 14], que refletem a 'parábola' dos 14 anos de Paulo [2Co 12.2].
Nt.: Este ponto reflete as Notas que descrevi em Lc 1 : Nt. vs. 28 : E, entrando o anjo aonde ela estava, disse ; e Mt 1, Nt.:3, v.28 : 'E entrando o anjo onde ela estava, disse:' ...
*
XIII
Ao chegar Maria ao sexto mês
de gravidez [Nt - Cap. V], voltou José de suas construções [Nt*] e, ao entrar em casa, deu-se conta
de que ela estava grávida. Então, feriu seu próprio rosto, jogou-se no chão
sobre uma manta e chorou amargamente, dizendo:
-
Como é que me vou
apresentar agora diante do meu Senhor? E que oração direi eu agora por esta
donzela, pois que a recebi virgem do templo do Senhor e não a soube guardar?
Será que a história de Adão se repetiu comigo? Assim como no instante em que
ela estava glorificando a Deus veio a serpente e, ao encontrar Eva sozinha, a
enganou, o mesmo me aconteceu.
Nt: A História de José, Cp. V, diz que após 3 meses ele retornou de seus trabalhos.
Nt*,: .. e, assim sendo, quem a acompanhara 'apressadamente' até Isabel? Diz o Apócrifo que seus filhos mais velhos o acompanharam na viagem de trabalho [Nt: 'minhas construções'], e seus outros 2 filhos eram crianças, restando Clopas e .. quem mais, vez que escondia-se dos filhos de Israel? .. [talvez, aqui esteja o motivo do 'apressadamente']
Levantando-se, José chamou
Maria e disse-lhe:
-
Predileta como
eras de Deus, como foste capaz de fazer isso? Acaso te esqueceste do Senhor teu
Deus? Com pudeste vilipendiar tua alma, tu que te criaste no Santo dos Santos e
recebeste alimento das mãos de um anjo?
Ela chorou amargamente
dizendo:
-
Sou pura e não
conheço varão algum.
Replicou José:
-
De onde, pois,
provém o que carregas no seio?
Ao que Maria respondeu:
-
Pelo Senhor, meu
Deus, eu juro que não sei como aconteceu.
*
XIV
José encheu-se de temor,
retirou-se da presença de Maria e pôs-se a pensar sobre o que faria com ela.
Dizia consigo próprio:
-
Se escondo seu
erro, contrario a lei do Senhor. Se a denuncio ao povo de Israel, temo que o
que acontecer a ela se deva a uma intervenção dos anjos e venha a entregar à
morte uma inocente. Como deverei proceder, pois? Mandá-la embora às escondidas [Mt 1.19].
Enquanto isso, caiu a noite. Eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos, dizendo-lhe:
-
Não temas por esta
donzela, pois o que ela carrega em suas entranhas é fruto do Espírito Santo.
Dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, pois que ele há de salvar seu
povo dos pecados. [Mt 1.20-23]
Ao despertar, José
levantou-se, glorificou a Deus de Israel por haver-lhe concedido tal graça e
continuou guardando Maria. [Mt 1.24,25]
Nt: Mt 1.25 diz que 'não a conheceu, enquanto ela não deu à luz um filho, a quem pôs o nome de Jesus', e aqui diz que 'continuou guardando Maria'.
*
XV
Por essa ocasião, veio à casa
de José um escriba chamado Anás, que lhe disse:
-
Por que não
compareceste à nossa reunião?
Respondeu-lhe José:
-
Estava cansado da
caminhada e decidi repousar este primeiro dia.
Ao voltar-se, Anás deu-se
conta da gravidez de Maria.
Então, correu ao sacerdote,
dizendo-lhe:
-
Esse José, por
quem respondes, cometeu uma falta grave.
-
Que queres dizer
com isso? - perguntou o sacerdote. Ao que respondeu Anás:
-
Pois violou
aquela virgem que recebeu do templo de Deus, com fraude de seu casamento e sem
manifestá-lo ao povo de Israel.
Disse o sacerdote:
-
Estás certo de
que foi José que fez tal coisa?
Replicou Anás:
-
Envia uma
comissão e te certificarás de que a donzela está realmente grávida.
Saíram os emissário e
encontraram-na tal qual havia dito Anás. Por isso levaram-na, juntamente com
José, ante o tribunal.
O sacerdote iniciou, dizendo:
-
Maria, como
fizeste tal coisa? Que te levou a vilipendiar tua alma e esquecer-te do Senhor teu
Deus? Tu que te criaste no Santo dos Santos, que recebias alimento das mãos de
um anjo, que escutaste os hinos e que dançavas na presença de Deus? Como
fizeste isso?
Ela se pôs a chorar
amargamente, dizendo:
-
Juro pelo Senhor
meu Deus que estou pura em sua presença e que não conheci varão.
Então o sacerdote dirigiu-se
a José, perguntando-lhe:
-
Por que fizeste
isso?
Replicou José:
-
Juro pelo Senhor
meu Deus, que me encontro puro com relação a ela.
Acrescentou o sacerdote:
-
Não jures em
falso! Dize a verdade! Usaste fraudulentamente o matrimônio e não o deste a
conhecer ao povo de Israel. Não abaixaste tua cabeça sob a mão poderosa de
Deus, por quem sua descendência havia sido bendita.
José guardou silêncio.
*
XVI
-
Devolve, pois -
continuou o sacerdote, - a virgem que recebeste do templo do Senhor.
José ficou com os olhos
marejados em lágrimas. Acrescentou ainda o sacerdote:
-
Farei com que
bebais da água da prova do Senhor e ela vos mostrará, diante de vossos próprios
olhos, vossos pecados.
Tomando da água, fez José
bebê-la, enviando-o em seguida à montanha, de onde voltou são e salvo. Fez o
mesmo com Maria, enviando-a também à montanha, mas ela voltou sã e salva.
Toda a cidade encheu-se de
admiração ao ver que não havia pecado neles.
Nt. 'toda a cidade se admirou' : .. decerto que, nem todos .. que sempre a destrataram, menosprezaram por duvidarem do 'tal' Milagre
Disse o sacerdote:
-
Posto que o
Senhor não declarou vosso pecado, tampouco irei condenar-vos.
Então despediu-os. Tomando
Maria, José voltou para casa cheio de alegria e louvado ao Deus de Israel.
*
XVII
Veio uma ordem do imperador
Augusto para que se fizesse o censo de todos os habitantes de Belém da Judéia. .. [Lc 1.1-3]
Disse José:
-
A meus filhos
posso recensear, mas que farei desta donzela? Como vou incluí-la no censo? Como
minha esposa? Envergonhou-me. Como minha filha? Mas já sabem todos os filhos de
Israel que não é! Este é o dia do Senhor, que se faça a sua vontade. .. [Lc 1.4]
Selando sua asna, fez com que
Maria se acomodasse sobre ela. Enquanto um de seus filhos ia à frente, puxando
o animal pelo cabresto, José os acompanhava. Quando estavam a três milhas de
distância de Belém, José virou-se para Maria e viu que ela estava triste. .. [Lc 1.5]
Disse consigo mesmo:
-
Deve ser a
gravidez que lhe causa incômodo.
Ao voltar-se novamente,
encontrou-a sorrindo e indagou-lhe:
-
Maria, que
acontece, pois que algumas vezes te vejo sorridente e outras triste?
Ela lhe disse:
-
É que se
apresentam dois povos diante de meus olhos: um que chora e se aflige e outro
que se alegra e se regozija.
Ao chegar à metade do
caminho, disse Maria a José:
-
Desça-me, porque
o fruto de minhas entranhas luta por vir à luz.
Ele a ajudou a apear da asna,
dizendo-lhe:
-
Aonde poderia eu
levar-te para resguardar teu pudor, já que estamos em campo aberto? .. [Lc 1.6]
*
XVIII
Encontrando uma caverna,
levou-a para dentro e, havendo deixado seus filhos com ela, foi buscar uma
parteira na região de Belém. .. [Lc 1.7]
Eis que José encontrou-se
andando, mas não podia avançar. Ao levantar seus olhos para o espaço, pareceu
lhe ver como se o ar estivesse estremecido de assombro. Quando fixou vista no
firmamento, encontrou-o estático e os pássaros do céu, imóveis. Ao dirigir seu
olhar à terra, viu um recipiente no solo e uns trabalhadores sentados em
atitude de comer, com suas mãos na vasilha. Os que pareciam comer, na realidade
não mastigavam, e os que estavam em atitude de pegar a comida, tampouco a
tiravam do prato. Finalmente, os que pareciam levar os manjares à boca, não o
faziam, ao contrário, tinham seus rostos voltados para cima.
Também havia umas ovelhas que
estavam sendo tangidas, mas não davam um passo. Estavam paradas. O pastor
levantou sua destra para bater-lhes com um cajado, mas parou sua mão no ar.
Ao dirigir seu olhar à
corrente do rio, viu como uns cabritinhos punham nela seus focinhos, mas não
bebiam. Em uma palavra, todas as coisas estavam afastadas, por uns instantes,
de seu curso normal. [Lc 1.8-20]
*
XIX
Então uma mulher que descia
da montanha disse-lhe:
-
Aonde vais?
Ao que ele respondeu:
-
Ando procurando
uma parteira hebréia.
Ela replicou:
-
Mas és de Israel?
Ele respondeu:
-
Sim.
-
E quem é a que
está dando à luz na caverna?
-
É minha esposa.
-
Então, não é tua
mulher?
Ele respondeu:
-
É Maria, a que se
criou no templo do Senhor, e ainda que me tivesse sido dada por mulher, não o
é, pois que concebeu por virtude do Espírito Santo.
Insistiu a parteira:
-
Isso é verdade?
José respondeu:
-
Vem e verás.
Então a parteira se pôs a
caminho junto com ele. Ao chegar à gruta, pararam, e eis que esta estava
sombreada por uma nuvem luminosa.
Exclamou a parteira:
-
Minha alma foi
engrandecida, porque meus olhos viram coisas incríveis, pois que nasceu a
salvação para Israel. De repente, a nuvem começou a sair da gruta e dentro
brilhou uma luz tão grande que seus olhos não podiam resistir. Esta, por um
momento, começou a diminuir tanto que deu para ver o menino que estava tomando
o peito da mãe, Maria. A parteira então deu um grito, dizendo:
-
Grande é para mim
o dia de hoje, já que pude ver com meus próprios olhos um novo milagre.
Ao sair a parteira da gruta,
veio ao seu encontro Salomé.
-
Salomé, Salomé! -
exclamou. - Tenho de te contar uma maravilha nunca vista. Uma virgem deu à luz;
coisa que, como sabes, não permite a natureza humana.
Salomé replicou:
-
Pelo Senhor, meus
Deus, não acreditarei em tal coisa, se não me for dado tocar com os dedos e
examinar sua natureza. .. [Nt.: fato que lembra a incredulidade de Tomé.]
*
XX
Havendo entrado a parteira,
disse a Maria:
-
Prepara-te,
porque há entre nós uma grande querela em relação a ti.
Salomé, pois, introduziu seu
dedo em sua natureza, mas, de repente, deu um grito, dizendo:
-
Ai de mim! Minha
maldade e minha incredulidade é que têm a culpa! Por descrer do Deus vivo, desprende-se
de meu corpo minha mão carbonizada. .. [assim como Tomé só creu após colocar seus dedos no corte da lança]
Dobrou os joelhos diante do
Senhor, dizendo:
-
Ó Deus de nossos
pais! Lembra-te de mim, porque sou descendente de Abraão, Isaac e Jacó! Não
faças de mim um exemplo para os filhos de Israel! Devolve-me curada, porém, aos
pobres, pois que tu sabes, Senhor, que em teu nome exercia minhas curas,
recebendo de ti meu salário!
Apareceu um anjo do céu,
dizendo-lhe:
-
Salomé, Salomé,
Deus escutou-te. Aproxima tua mão do menino, toma-o e haverá para ti alegria e
prazer.
Acercou-se Salomé e o tomou,
dizendo:
-
Adorar-te-ei,
porque nasceste para ser o grande Rei de Israel.
De repente, sentiu-se curada
e saiu em paz da gruta. Nisso ouviu uma voz que dizia:
-
Salomé, Salomé,
não contes as maravilhas que viste até estar o menino em Jerusalém.
*
XXI
José dispôs-se a partir para
Judéia. Por essa ocasião, sobreveio um grande tumulto em Belém, pois vieram um
magos dizendo:
-
Aonde está o
recém-nascido Rei dos Judeus, pois vimos sua estrela no Oriente e viemos para
adorá-lo? .. [Mt 2.1,2]
Herodes, ao ouvir isso,
perturbou-se. Enviou seus emissários aos magos e convocou os príncipes e os
sacerdotes, fazendo-lhes esta pergunta:
-
Que está escrito
em relação ao Messias? Aonde ele vai nascer? .. [Mt 2.3,4]
Eles responderam:
-
Em Belém da
Judéia, segundo rezam as escrituras. [Mt 2.5,6] Com isso, despachou-os e interrogou os
magos com estas palavras:
-
Qual é o sinal
que vistes em relação ao nascimento desse rei? .. [Mt 2.7]
Responderam-lhes os magos:
-
Vimos um astro
muito grande, que brilhava entre as demais estrelas e as eclipsava, fazendo-as
desaparecer. Nisso soubemos que a Israel havia nascido um rei e viemos com a
intenção de adorá-lo.
Replicou Herodes:
-
Ide e buscai-o,
para que também possa eu ir adorá-lo! .. [Mt 2.8]
Naquele instante, a estrela
que haviam visto no Oriente voltou novamente a guiá-los, até que chegaram à
caverna e pousou sobre a entrada dela. Vieram, então, os magos a ter com o
Menino e Sua mãe, Maria, e tiraram oferendas de seus cofres: ouro, incenso e
mirra. .. [Mt 2.9-11]
Depois, avisados por um anjo
para que não entrassem na Judéia, voltaram a suas terras por outro caminho. .. [Mt 2.12]
*
XXII
Ao dar-se conta Herodes de
que havia sido enganado, encolerizou-se e enviou seus sicários, dando-lhes a
missão de assassinar todos os meninos de menos de dois anos.
Quando chegou até Maria a
notícia da matança das crianças [Mt 2.16-18], encheu-se de temor e, envolvendo seu filho em
fraldas, colocou-o numa manjedoura.
Quando Isabel inteirou-se de
que também buscavam a seu filho João, pegou-o e levou-o a uma montanha. Pôs-se
a ver onde haveria de escondê-lo, mas não havia um lugar bom para isso. Entre
soluços, exclamou em voz alta:
-
Ó Montanha de
Deus, recebe em teu seio a mãe com seu filho, pois que não posso subir mais
alto.
Nesse instante, abriu a
montanha suas entranhas para recebê-los. Acompanhou-os uma grande luz, pois
estava com ele um anjo de Deus para guardá-los.
*
XXIII
Herodes prosseguia na busca
de João e enviou seus emissários a Zacarias para que lhe dissessem:
-
Aonde escondeste
teu filho?
Ele respondeu desta maneira:
-
Eu me ocupo do
serviço de Deus e me encontro sempre no templo. Não sei onde está meu filho.
Os emissários informaram a
Herodes tudo o que se passara e ele encolerizou-se muito, dizendo consigo
mesmo:
-
Deve ser seu
filho que vai reinar em Israel.
Enviou, então, um outro
recado, dizendo-lhe:
-
Diga-nos a
verdade sobre onde está teu filho, porque do contrário bem sabes que teu sangue
está sob minhas mãos.
Zacarias respondeu:
-
Serei mártir do
Senhor, se te atreveres a derramar meu sangue, porque minha alma será recolhida
pelo Senhor, ao ser segada uma vida inocente no vestíbulo do santuário.
Ao romper da aurora, foi
assassinado Zacarias, sem que os filhos de Israel se dessem conta desse crime.
*
XXIV
Os sacerdotes se reuniram à
hora da saudação, mas Zacarias não saiu a seu encontro, como de costume, para
abençoá-los. Puseram-se a esperá-lo para saudá-lo na oração e para glorificar o
Altíssimo.
Ante sua demora, começaram a
ter medo. Tomando ânimo, um deles entrou, viu ao lado do altar sangue coagulado
e ouviu uma voz que dizia:
-
Zacarias foi
morto e não se limpará o seu sangue até que chegue o vingador.
Ao ouvir a voz, encheu-se de
temor e saiu para informar os sacerdotes que, tomando coragem, entraram e
testemunharam o ocorrido. Então, os frisos do templo rangeram e eles rasgaram
suas vestes de alto a baixo.
Não encontraram o corpo,
somente a poça de sangue coagulado. Cheios de temor, saíram para informar a
todo o povo que Zacarias havia sido assassinado. A notícia correu em todas as
tribos de Israel, que o choraram e guardaram luto por três dias e três noites.
Concluído esse tempo,
reuniram-se os sacerdotes para deliberar sobre quem iriam pôr em seu lugar.
Recaiu a sorte sobre Simeão [Lc 2.25-32], pois, pelo Espírito Santo, havia sido assegurado
de que não veria a morte até que lhe fosse dado contemplar o Messias Encarnado.
*
XXV
Eu, Tiago, escrevi esta
história. Ao levantar-se um grande tumulto em Jerusalém, por ocasião da morte
de Herodes, retirei-me ao deserto até que cessasse o motim, glorificando ao
Senhor meu Deus, que me concedeu a graça e a sabedoria necessárias para compor
esta narração.
Que a graça esteja com todos
aqueles que temem a Nosso Senhor Jesus Cristo, para quem deve ser a glória.
*
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